A data de 22 de abril marca o Dia do Descobrimento do Brasil, tradicionalmente associado à chegada dos portugueses à Bahia. Entretanto, movimentos anticoloniais e decoloniais contestam essa narrativa. Este ano, o Notícia Preta entrevistou historiadores para aprofundar o entendimento sobre o processo histórico do país. Lívia Teodoro, historiadora formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), destaca que o Brasil ainda não superou o mito do "descobrimento". A ideia de que o país foi "descoberto por acaso" contribuiu para justificar a desumanização dos povos indígenas e a necessidade de intervenção e "civilização" europeia. Romulo Barros, doutor em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ressalta que o contato dos estudantes com a história começa com os povos ameríndios, influenciando suas subjetividades. Ele levanta a questão recorrente entre os professores de história: "descobrimento ou invasão?". Romulo argumenta que o Brasil está apenas começando a compreender seu mito fundador, mas ainda não encontrou as ferramentas para superá-lo. Ele destaca a importância de conhecer e reconhecer os povos que habitavam o território antes da chegada dos europeus. Jonathan Raymundo, professor de história e filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), concorda que a superação desse mito é um desafio crucial. Ele alerta para a tendência brasileira de esquecer os processos históricos traumáticos, impedindo mudanças reais na sociedade.