O ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Almeida Baptista Júnior, revelou em depoimento à Polícia Federal a postura adotada pelo então comandante do Exército, general Freire Gomes, diante da possibilidade levantada pelo presidente Jair Bolsonaro de utilizar instrumentos como a GLO, estado de defesa ou estado de sítio para atentar contra a democracia. De acordo com Baptista Júnior, Freire Gomes comunicou sua intenção de prender Bolsonaro caso este tentasse promover qualquer ato golpista. A declaração do ex-comandante da Aeronáutica foi feita no âmbito do inquérito que investiga um suposto plano de golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele também destacou que tanto ele quanto o chefe do Exército se opuseram à tentativa golpista, enquanto o comandante da Marinha colocou as tropas à disposição para discutir as minutas apresentadas por Bolsonaro. Além disso, Baptista Júnior relatou que deixou claro para Bolsonaro que não apoiaria uma ruptura institucional e não aceitaria qualquer tentativa do presidente de se manter no poder após o término de seu mandato. Segundo o ex-chefe da FAB, Bolsonaro ficou assustado com sua posição em relação aos instrumentos constitucionais discutidos nas minutas apresentadas. Freire Gomes também informou à PF que a minuta golpista encontrada na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, era a mesma versão apresentada pelo presidente aos chefes das Forças Armadas em uma reunião realizada em dezembro de 2022. Este posicionamento de Freire Gomes se destacou como uma medida de resistência e defesa da democracia diante das ameaças de golpe por parte de Bolsonaro.