A manifestação bolsonarista realizada na avenida Paulista, no último domingo (25 de fevereiro de 2024), foi objeto de análise fria e imparcial, revelando aspectos preocupantes. Segundo uma pesquisa conduzida pela USP, o grupo majoritário presente nesta manifestação é composto por homens brancos, financeiramente resolvidos, de meia idade ou idosos, católicos e de extrema direita. Em relação a questões sociais, são conservadores, adotando posicionamentos contraditórios, como custear abortos em hospitais de alto padrão enquanto são contra a legalização do procedimento. Além disso, o estudo identificou um nível significativo de deficiência cognitiva entre os participantes, que apresentam ideias sem embasamento e se refugiam em discursos paralelos à realidade. De acordo com a equipe da USP, cerca de 185 mil pessoas estiveram presentes na manifestação, confirmando a consolidação do bolsonarismo na extrema-direita. No entanto, é importante refletir sobre o significado dessas manifestações e também sobre as convocações de protestos mais recentes. Os participantes do ato bolsonarista adotaram posturas amarelas, reprimiram opiniões críticas sobre a democracia e o Supremo Tribunal Federal (STF) e tentaram minimizar as críticas. Contudo, é crucial observar que ao se manifestarem sobre processos em curso e desrespeitarem medidas cautelares, os manifestantes desafiam a autoridade do STF, ignorando a necessidade de um processo legal e técnico. Uma das contradições apontadas foi a demanda por anistia e esquecimento dos atos cometidos. Outro ponto de reflexão é a manifestação convocada pela esquerda em 23 de março. É legítimo que a população se manifeste democraticamente contra propostas em discussão no Congresso Nacional, como o Projeto de Lei 5.064 de 2023, apresentado pelo senador Mourão, que versa sobre a anistia aos envolvidos no golpe de 8 de janeiro. No entanto, é importante ressaltar que certos cuidados são necessários, evitando apelos pela prisão preventiva, que é uma medida extrema e deve ser analisada tecnicamente, sem influências externas. As manifestações de direita e esquerda são bem-vindas em uma democracia, e mobilizações como as organizadas pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, em conjunto com diversas entidades e partidos políticos, são formas legítimas de pressionar os congressistas e participar ativamente do cenário político. O importante é que essas manifestações ocorram dentro dos princípios democráticos, sem interferências indevidas no Poder Judiciário. A democracia só tem a ganhar com o engajamento cívico e respeito às instituições.