A pesquisa recente da Genial/Quaest apresenta divergências de opiniões entre os brasileiros quanto à gratuidade nas universidades públicas. Enquanto 33% apoiam a cobrança de mensalidades para estudantes com condições financeiras, a maioria expressiva de 64% defende a continuidade da gratuidade para todos. A pesquisa destaca uma divisão ideológica, com eleitores de Jair Bolsonaro mais propensos (45%) a apoiar a cobrança, comparados a eleitores de Lula, onde apenas 27% endossam essa ideia. A discussão sobre a cobrança de mensalidades em universidades públicas ganhou destaque durante o governo Bolsonaro, quando uma possível Proposta de Emenda à Constituição (PEC) foi cogitada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados em 2022, porém não avançou. Três anos antes, o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, sugeriu a cobrança em cursos de pós-graduação, ideia posteriormente desautorizada por Bolsonaro. A pesquisa abordou também a opinião sobre o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e o Programa Universidade Para Todos (Prouni). No entanto, 68% dos entrevistados defendem mais investimentos nessas iniciativas, independentemente da afiliação política. Houve consenso entre eleitores de diferentes espectros políticos sobre a necessidade de priorizar a educação básica. Cerca de 84% dos entrevistados concordam em direcionar o foco para a educação infantil, ensinos fundamental e médio. Essa visão é compartilhada por 80% dos eleitores de Lula e 87% dos apoiadores de Bolsonaro. A criação de programas de ensino médio integral recebeu amplo apoio, com 88% dos eleitores de Lula e 84% dos eleitores de Bolsonaro expressando concordância. Na entrevista, Felipe Nunes afirmou que a pesquisa reflete o claro desejo dos brasileiros por uma educação gratuita e de qualidade. “A pesquisa tem um recado muito claro: educação gratuita e de qualidade é prioridade para o brasileiro. E mais: o país deveria investir mais na educação básica, priorizar a criação de programas de ensino médio integral e a retomada do Fies e do Prouni. Ou seja, o brasileiro que usa o sistema público de educação sabe muito bem o que quer, porque sabe bem o que precisa”, afirmou o diretor da Quaest. Olavo Nogueira, diretor executivo do Todos pela Educação, também destaca que a priorização da educação básica não deveria resultar em desfinanciamento do ensino superior. “Muito antes de promover uma disputa de financiamento entre Educação Básica e Ensino Superior, os executivos e legislativos do país deveriam fazer a disputa orçamentária em favor da educação de modo geral”, explicou. A pesquisa Genial/Quaest ouviu 2.000 pessoas presencialmente entre 14 e 18 de dezembro do ano passado, com uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos e nível de confiança de 95%.