No ano passado, as Forças Armadas enfrentaram um desequilíbrio notável em suas finanças, alocando expressivos 85% do orçamento para o pagamento de pessoal. Desse montante, 4 vezes mais foram destinados às pensões militares (R$ 25,7 bilhões) do que aos investimentos. Uma questão que está sendo atenuada pelo novo PAC, que alocou R$ 52,8 bilhões para projetos de Defesa até 2030, conforme relata a Folha de S. Paulo. Comparativamente, a distribuição de gastos nas Forças Armadas brasileiras diverge da média dos 29 países-membros da Otan. Apenas nove dessas nações possuem orçamentos com mais de 50% destinados a pessoal, enquanto somente Portugal, Canadá e Bélgica gastam menos de 20% com investimentos. Detalhando os números de 2023, R$ 32,4 bilhões foram despendidos com salários de militares da ativa, enquanto R$ 31,2 bilhões foram direcionados ao pessoal da reserva e reformados. O Exército, liderando em efetivo, absorveu expressivos R$ 47,3 bilhões em gastos com pessoal. É relevante notar que, dos 112,8 mil beneficiários de pensões militares, 3.734 são familiares de marechais, sendo o último a atingir tal patente Waldemar Levy Cardoso, falecido em 2009. Desde 2019, o Exército vem implementando um plano de redução de efetivo, já refletindo em uma diminuição de 9.017 militares na ativa até 2023. Em comunicado oficial, a instituição reitera o cumprimento integral do planejamento de racionalização, resultando numa redução anual de 10% do contingente até 2029. Adicionalmente, medidas adotadas após uma lei de 2019, como o aumento do tempo de serviço para 35 anos, a redução do rol de dependentes e a limitação de direitos econômicos derivados de pensões militares, têm contribuído para a contenção de custos. Na Marinha, a redução de quase 5 mil militares de 2018 a 2023 evidencia uma estratégia de readequação para aumentar eficiência e desonerar custos para o Estado brasileiro. Similarmente, a Aeronáutica, mantendo o menor efetivo com 67.605 militares ativos, busca economia através de promoções hierárquicas, movimentações, ocupação de Próprio Nacional Residencial, entre outras iniciativas. Apesar dessas medidas, o perfil de gastos das Forças Armadas ainda não experimentou mudanças significativas. Comandantes como Marcos Olsen, Tomás Paiva e Marcelo Damasceno agora advogam pela aprovação de uma PEC que fixe o orçamento do Ministério da Defesa em 2% do PIB. Tal porcentagem foi estipulada com base na meta orçamentária da Otan, sendo que apenas 7 nações da organização alcançaram esses patamares desejados até o momento: Grécia, Estados Unidos, Lituânia, Polônia, Reino Unido, Estônia e Letônia.
