O primeiro ano do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está marcado por indicadores econômicos positivos. O Produto Interno Bruto (PIB) projeta um crescimento em torno de 3%, superando expectativas iniciais. O Brasil volta a figurar entre as dez maiores economias do mundo, um feito notável. No entanto, o economista Eduardo Moreira, fundador do Instituto Conhecimento Liberta, adverte que o cenário econômico favorável pode não ser suficiente para garantir a continuidade das forças progressistas no poder. Em uma entrevista ao Brasil de Fato, Moreira destaca a importância de não cair na armadilha da acomodação diante de um governo que, mesmo sendo positivo, pode não refletir necessariamente em mudanças significativas na composição do Congresso Nacional. Ele ressalta que a atenção deve ser redobrada para evitar a complacência. Moreira enfatiza a necessidade de fortalecer os movimentos populares como resposta às iniciativas do governo. Ele elogia o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), por desafiar estruturas complexas, mas também critica aspectos como a taxação dos super ricos, que, embora seja uma vitória, apresenta nuances questionáveis. Em relação ao desempenho econômico, o Brasil registra uma surpreendente elevação nas projeções do PIB para os próximos anos. No entanto, Moreira alerta para a armadilha estatística do efeito base, ressaltando que é crucial não se deixar iludir por melhorias relativas a uma situação anteriormente desfavorável. O economista destaca a volta do Brasil ao grupo das principais economias mundiais, atribuindo esse êxito a políticas que trouxeram credibilidade, atraíram investimentos e organizaram o caos deixado pelo governo anterior. No entanto, ele adverte sobre os perigos da complacência, alertando que um governo eficiente pode não ser suficiente para manter ou expandir as forças progressistas. Moreira, ao abordar a situação política, expressa preocupação com a possibilidade de um governo eficaz gerar uma falsa sensação de estabilidade, levando à estagnação e à resistência a mudanças mais profundas. Ele destaca a importância de uma mudança paradigmática para impulsionar o país para além de um governo bom. A entrevista abrange temas como a ampliação do crédito, a autonomia do Banco Central, as estratégias do ministro da Fazenda e a necessidade de uma mudança estrutural. Moreira destaca a importância de políticas que reduzam as taxas de juros para impulsionar o mercado de crédito de forma saudável e abrangente. Quando questionado sobre a queda de braço entre o governo e o Centrão, Moreira reforça a importância de descentralizar o poder, investindo em movimentos progressistas e fortalecendo a base popular. Ele destaca que a mudança no Congresso depende da criação de uma estrutura que apoie movimentos descentralizados. No encerramento da entrevista, Eduardo Moreira compartilha a iniciativa de facilitar o acesso a crédito para cooperativas do MST, destacando a importância de investir em movimentos que promovem valores progressistas e agroecologia. O Instituto Conhecimento Liberta, liderado por Moreira, expande seu papel na comunicação, fornecendo cursos, jornalismo e programas diversos, buscando disputar narrativas e promover uma visão progressista de mundo. O cenário político e econômico, sob a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, revela desafios e oportunidades. A atenção vigilante e ações estratégicas são fundamentais para manter o ímpeto progressista e impulsionar mudanças estruturais necessárias para o Brasil.