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A situação dos tucanos na política: Sem “ninho”, sem rumo

PSDB é despejado do histórico gabinete da liderança no Senado após 35 anos

A situação dos tucanos na política: Sem “ninho”, sem rumo

Após três décadas e meia, o PSDB foi despejado de seu icônico gabinete da liderança no Senado. O adesivo da porta, com a inscrição "Liderança do PSDB," permanece, mas as portas estão trancadas, e o espaço agora se encontra deserto. Uma faxineira que passa pelo local comenta: "Tá assim tem uns quinze dias. Só a gente tá entrando."


No início do ano, o PSDB contava com quatro senadores, mas ao longo de 2022, perdeu membros para outros partidos, reduzindo sua bancada. A regra do Senado estipula que apenas partidos com três ou mais senadores têm direito a um gabinete de liderança. Com a saída de membros do partido, o PSDB recebeu um aviso de despejo e tinha noventa dias para desocupar o espaço. A possibilidade de manter o gabinete estava condicionada à filiação de um novo senador, atingindo a cota mínima exigida.


Entretanto, o prazo expirou no final de setembro, resultando no despejo do partido. Cerca de quinze assessores que atuavam no gabinete foram realocados ou demitidos, marcando um revés para o PSDB, já que seu gabinete sempre foi um dos mais desejados do Senado. O espaço é notável por sua amplitude, com uma extensa mesa de reuniões e diversos ambientes de trabalho. Além disso, sua localização privilegiada no Salão Azul, de frente para o plenário e o comitê de imprensa, ao lado do gabinete da presidência do Senado, o tornou um local de grande prestígio. Ao longo dos anos, diversos líderes do PSDB despacharam dali, incluindo figuras notáveis como Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas. Foi no gabinete que se coordenou a participação do PSDB no processo de impeachment de Dilma Rousseff nos anos tumultuados de 2015 e 2016. Embora o impacto prático da perda seja limitado, o simbolismo é inegável, destacando mais um episódio na crise em curso no partido.


Izalci Lucas (PSDB-DF), líder do partido no Senado, precisou transferir suas atividades para seu próprio gabinete, localizado nas proximidades. A presidência do Senado não forneceu informações sobre o destino do espaço vago, mas é possível que ele seja incorporado pela Secretaria-Geral da Mesa, responsável pela administração burocrática do Senado.


Plínio Valério (PSDB-AM), o único senador que permaneceu ao lado de Izalci, expressa seu lamento pela perda, ressaltando que muitos funcionários competentes foram demitidos ou realocados. A redução da influência do PSDB tornou-se motivo de zombaria entre os senadores nos últimos tempos.


O PSDB também enfrenta um momento de crise em sua identidade política após a pior performance eleitoral de sua história em 2022. O partido não lançou um candidato presidencial, perdeu o governo de São Paulo após quase três décadas no poder e elegeu apenas catorze deputados, metade do número conquistado em 2018, que, por sua vez, já era a metade do total de 2014. Além disso, o PSDB reduziu sua representação no Senado, onde costumava ter um grande número de senadores, chegando a catorze em seus anos de maior influência, mas elegendo apenas quatro representantes desta vez.


Diante dessa crise, o governador Eduardo Leite (PSDB-RS), presidente do partido, encomendou um estudo a uma consultora empresarial no início do ano para reavaliar a identidade e as posições políticas da agremiação. O objetivo era definir se o PSDB deveria se posicionar como um partido de centro-direita ou centro-esquerda, sua posição sobre a legalização da maconha e se atuaria como oposição ou base de apoio ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, apesar do esforço, pouco mudou desde então, e o partido enfrenta a debandada de seus membros no estado de São Paulo, que buscam filiação em partidos da base do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).


A crise se aprofundou quando uma juíza de primeira instância anulou as manobras partidárias que resultaram na eleição de Leite como presidente do PSDB, forçando a convocação de uma nova eleição. A decisão judicial foi resultado de uma ação movida por Orlando Morando, prefeito de São Bernardo do Campo, aliado de João Doria e crítico vocal de Leite. O PSDB recorreu da decisão, e Leite permanece no cargo, embora enfraquecido.


Neste mês de novembro, o PSDB realizará sua convenção nacional, quando os membros poderão eleger um novo presidente. A incerteza persiste sobre a candidatura de Leite, e outros nomes como Aécio Neves, Tasso Jereissati e José Aníbal são cogitados, mas ainda não há uma decisão definitiva.


Izalci Lucas tentou manter o gabinete de liderança ao filiar o senador Marcos do Val ao PSDB em setembro, atingindo o número mínimo de três senadores exigido pelas regras do Senado. No entanto, a direção nacional do partido discordou da filiação de Do Val, que é conhecido por suas posições bolsonaristas, incluindo o apoio à liberação do porte de armas e críticas a ministros do Supremo Tribunal Federal. Horas após o anúncio da filiação, o PSDB emitiu uma nota vetando a entrada de Do Val.


Izalci argumenta que comunicou à direção nacional sua intenção de filiar Do Val, mas a direção desaprovou a decisão. Ele também consultou Plínio Valério, seu colega de bancada, que afirmou que apoiaria a decisão de Izalci. A polêmica levou a uma divisão interna no partido, e o gabinete de liderança foi perdido.


Os membros da Executiva Nacional minimizam a importância da crise, enfatizando que a perda do gabinete de liderança não


 tem impacto significativo no partido como um todo. No entanto, Plínio Valério discorda, apontando para o desinteresse da direção nacional no Senado e a crescente competição de outros partidos para atrair seus membros.


A minúscula bancada do PSDB no Senado pode encolher ainda mais, já que alguns senadores têm convites para se filiarem a outros partidos. Izalci Lucas, por exemplo, está de malas prontas para se filiar ao PL e possivelmente concorrer ao governo de Brasília em 2026. A incerteza sobre o futuro do PSDB permanece, com o partido enfrentando desafios significativos para recuperar sua influência e identidade política.



 

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