Estudo da UFRJ aponta os principais disseminadores de desinformação sobre tragédia climática no RS Um estudo conduzido pelo laboratório de pesquisa da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NetLab – ECO/UFRJ) revelou os protagonistas na disseminação de desinformação acerca da tragédia climática que assola o Rio Grande do Sul. No período compreendido entre 27 de abril e 10 de maio, a análise identificou uma significativa disseminação de notícias falsas e teorias negacionistas através das redes sociais. Esses conteúdos tinham como alvo as ações do governo federal e propagavam teorias conspiratórias. O relatório emitido pelo NetLab destacou personalidades influentes, como o influenciador digital Pablo Marçal e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), como os principais disseminadores de desinformação. Marçal, conhecido por seus cursos de "desenvolvimento pessoal" e proprietário do "La Casa Digital", utilizou suas plataformas para disseminar rumores infundados acerca da atuação da Polícia Rodoviária Federal nas doações destinadas às vítimas das enchentes. Eduardo, por sua vez, acusou o governo federal de bloquear a entrada de caminhões com doações, uma alegação que foi prontamente refutada. O deputado também criticou a suposta demora do presidente Lula em autorizar o envio da Força Nacional ao estado, além de questionar a escolha do ex-presidente em visitar Santa Maria antes de Porto Alegre, apesar de Santa Maria ser a cidade mais afetada na época. O estudo do NetLab identificou diversas narrativas falsas que ganharam tração nas redes sociais, incluindo declarações como "Lula não está comprometido com as vítimas das enchentes", "Marina insiste em culpar Bolsonaro pela tragédia", "Starlink é a única internet ajudando nos resgates", "Show da Madonna recebeu recursos que deveriam ir para o RS", "Governo está impedindo que doações cheguem às vítimas", "As chuvas são um castigo de Deus", "A tragédia foi planejada por globalistas" e "Figuras de direita estão ajudando mais que o governo". Essas narrativas tinham o intuito de minar a credibilidade do governo, negar a conexão entre as enchentes e as mudanças climáticas, e promover teorias conspiratórias. Segundo o relatório, o objetivo era questionar a eficácia das ações do governo, negar a relação entre as mudanças climáticas e o desastre, incorporar o evento em agendas morais e teorias conspiratórias, além de exaltar a importância dos aliados políticos na gestão da crise. Um fator que pode ter contribuído para a disseminação dessas notícias falsas é a proximidade das eleições municipais. "O fortalecimento desse movimento negacionista está possivelmente relacionado a uma campanha organizada para atingir diversos públicos, promovendo a autopromoção e tirando proveito da tragédia", afirmou o NetLab. A equipe de pesquisa também identificou 381 anúncios enganosos e 51 anúncios contendo desinformação circulando nas plataformas da Meta. Esses anúncios fraudulentos promoviam produtos ou informações enganosas com a intenção de gerar lucro, frequentemente direcionando os usuários a links falsos imitando o popular site vakinha.com.br. O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta (PT-RS), expressou sua indignação com a situação, declarando: "É difícil de entender que em um momento de tamanha fragilidade, pessoas se escondam em suas telas produzindo conteúdos que sabem ser mentirosos para obter ganho político ou econômico".